segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Trajetória “quase” inevitável

Vamos trabalhar a teoria da “Degenerescência Eclesiástica Evitável” nesse artigo. Ele está baseado na  observações feitas nas linhas de tendência de crescimento nas Divisões Europeias, na Norte-Americana e na Sul-Americana. Ao desenvolver a leitura perceba como há necessidade de uma reforma missiológica imediata em nossa igreja sob pena de, vítimas do triunfalismo sermos pegos de surpresa pela mesma crise que está aprisionando a igreja na Europa.
A Divisão Trans-Europeia experimenta uma Taxa de Crescimento Decenal (TCD) de 25%, isto é, cresceu 25% em 10 anos, ou 2,5% de Taxa de Crescimento Anual (TCA). Veja o histórico das TCDs ao longo das últimas duas décadas. Observe a linha de tendência em vermelho.
A Divisão Euro-Africana tem TCD projetada de 5,8%, ou seja, 0,58% de TCA.
A Divisão Norte-Americana vive a realidade de 21,3% de TCD e consequentemente 2,13% de TCA.
Veja a Divisão Sul-Americana abaixo. Devo fazer o adendo que a DSA fez sérias atualizações na secretaria nos últimos 3 anos. Se distribuirmos esses ajustes de secretaria sobre as últimas duas décadas e projetarmos então a TCD das décadas de 1989-1998 e 1999-2008 teríamos uma TCD de aproximadamente 60%. Veja como ficou sem essa distribuição:
Ao observarmos a prática da igreja, os momentos históricos e os movimentos sociológico-culturais pelas quais primeiro a Europa e depois os Estados Unidos passaram e se projetarmos o mesmo padrão sobre a divisão Sul-Americana, vemos uma tendência que deve servir de alerta.
Algumas pessoas acusam esse raciocínio de uma simplificação exagerada de todas as variáveis que incidiram sobre a Europa e Estados Unidos tanto dentro quanto na sociedade fora da igreja. Quero dar a mão a palmatória por uns instantes e admitir a simplificação. Mas mesmo assim o padrão, a tendência se repetem. Ainda assim o que ocorreu nessas Divisões está começando a mostrar a cara por aqui.
Por motivo de ética e falta de autorização para a divulgação dos gráficos, vou me limitar aqui aos números brutos. Nenhuma das uniões da IASD no Brasil superou a faixa de 4,3% de TCA que projetado não passa de 40 a 45% de TCD. No Centro-Sul brasileiro antes ficou entre a faixa de 0,9 e 2,3% de TCA que projetados para 10 anos dariam uma TCD de 9-10% a 23-28%.
A teoria que estamos querendo desenvolver aqui é que de acordo com o gráfico do ciclo de vida de uma igreja, não temos receio de afirmar que a Europa está em pleno declínio, os Estados Unidos estão em plena estagnação e o Brasil está ameaçando entrar na fase de estagnação. Veja o gráfico.
Nesse momento o NUMCI está fazendo um estudo sobre a distribuição etária da membresia da IASD no Brasil. Nossa suspeita é que o que difere de maneira marcante o nosso padrão de crescimento e a tendência que experimentamos no Brasil é a pirâmide etária na qual ficam destacados os jovens e como consequência vigor e total potencial de reverter a atual tendência se houver um desejo coletivo de mudanças significativas no jeito de ser e fazer igreja acontecer.
Veja a diferença entre a pirâmide etária de um país emergente e um país típico europeu:
A suspeita é que na IASD do Brasil ainda estejamos mais voltados para o gráfico da esquerda do que o da direita, apesar de que pelas projeções do IBGE a nossa população já tende cada vez mais ao modelo europeu de distribuição etária.
Mas o que isso influi no crescimento da igreja?
Nesse momento a igreja na Alemanha por exemplo tem 55% dos membros com idade superior a 65 anos. A expectativa de vida na Alemanha é de 78 anos. Esse estudo eu fiz há 4 anos. Quer dizer que a igreja tem estatisticamente 9 anos para ter o númeor de mebros reduzido em 55%. Sem contar as variáveis de que adventistas vivem mais mas por outro lado o efeito sucção – que é a influência da perda de membros sobre a saída de outros membros, ou seja, quanto mais membros saem (ou morrem) mais outros tem a tendência de sair. A síndrome de abandonar o barco que está afundando…
Para completar esses senhores e senhoras de 65 anos ou mais, são responsáveis por 80% do volume de dízimo que é devolvido, que é utilizado para a operação da igreja.
Gostaríamos de convidar o leitor a raciocinar nesses termos apenas por um momento observando os dados. Em aproximadamente 15 a 20 anos estaremos na mesma situação que os Estados Unidos e a Europa, com a diferença que ainda temos a juventude e o vigor na igreja para revertermos a situação e empreendermos mudanças que impeçam a igreja de entrar nessa mesma trajetória que já está se mostrando em nossos arraiais.
Quero aqui afirmar o meu compromisso com o crescimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia mundial e especificamente com o crescimento da igreja Adventista no Brasil. Quero reafirmar o meu compromisso com a teologia e o sistema doutrinário-bíblico que a Igreja Adventista mantém. E declaro solenemente que nenhuma das linhas acima tem função de criticar ou destruir, mas de analisar e chamar para o diálogo.
Mantemos o compromisso de para cada avaliação que fazemos e percebemos que a igreja poderia fazer melhor, temos propostas sólidas e consistentes para a reversão da tendência de estagnação. Em nenhum momento nos arrogamos o direito de termos sozinhos a sabedoria plena para solução, antes nos colocamos a disposição da igreja para o debate e a troca de idéias, já por que da perspectiva da qual escrevemos, com certeza nos faltam muitos outros pontos de vista e as implicações que trazem consigo.
Nos próximos artigos estaremos explorando sugestões de o que a igreja poderia empreender para com simplicidade liberar potenciais e energia para o sistema. O poder de Deus quer se mostrar, mas pelas nossas práticas, nossa cultura corporativa e por nossa disposição missiológica estamos dificultando em muito que esse poder seja percebido pela igreja.

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