quarta-feira, 13 de novembro de 2013

O Propósito de Deus para os Dons Espirituais

1 Coríntios 12.1-31
INTRODUÇÃO
“Ninguém imagine que só os seus dons sejam suficientes para a obra de Deus, e que ele, somente, possa realizar uma série de conferências, fazendo o trabalho com perfeição. Seus métodos podem ser bons, mas, não obstante, os diferentes talentos são essenciais. A opinião de um só homem não deve formular e estabelecer a obra de acordo com suas ideias particulares. A fim de ser estabelecida a obra, com firmeza e de modo simétrico, há a necessidade de vários dons e diferentes instrumentos, todos sob a direção do Senhor. Ele instruirá aos obreiros conforme suas várias habilidades. A cooperação e a unidade são essenciais na formação de um todo harmonioso, cada obreiro fazendo o trabalho que Deus designou ocupando seu devido lugar e suprindo a deficiência de outro. Quando um obreiro fica trabalhando só, há o perigo de ele pensar que seu talento é suficiente para formar um todo completo.”  Evangelismo, 104

A dinâmica dos dons espirituais é um dos recursos mais poderosos que Deus providenciou para que a igreja tivesse um crescimento saudável. Hoje há ensinamentos bem divergentes sobre os dons: os que consideram que os dons cessaram, os ignorantes, os medrosos e os que advogam a contemporaneidade de todos os dons. Mas vejamos o que a palavra de Deus ensina.
A NATUREZA DOS DONS ESPIRITUAIS- VS. 1-12
Há alguns estudiosos que defendem a cessação dos dons espirituais. Segundo esses estudiosos, os dons foram apenas para os tempos apostólicos. Contudo, não temos provas bíblicas, teológicas e históricas consistentes para provarmos essa posição (1 Coríntios 13.10). Ao contrário, o que temos visto é que os dons do Espírito são atuais e tem se manifestado em sua Igreja.
A questão essencial é definirmos qual deve ser a nossa atitude em relação aos dons. A igreja de Corinto tinha todos os dons (1.7). Nem por isso era uma igreja perfeita. Alguns até começaram a usar seus dons sem o fruto do amor.
Paulo exorta que os crentes não devem ser ignorantes com respeito aos dons espirituais (12.1). É de extrema importância que os crentes descubram, desenvolvam e usem os dons recebidos de Deus para a edificação da igreja.
Os dons têm um tríplice aspecto: São “charismata”, “diakonia” e “energémata” = dons, ministérios e obras. Com isso, Paulo fala sobre: Origem dos dons; o modo como atuam; a finalidade dos dons. Quanto à origem dos dons, eles são “charismata”, manifestação concreta de “charis” graça divina. A graça de Deus é a origem de todo dom. A origem dos dons nunca está no homem, mas na graça de Deus. É errado os crentes quererem distribuir os dons.
Quanto ao seu modo de atuar, eles são “diakonia”, prontidão para servir. É concentrar não em mim mesmo, mas no outro. É buscar a edificação do meu próximo. A finalidade do dom é a realização de alguma obra concreta, uma ajuda a alguém, a edificação da comunidade.
1.1. O propósito divino para os dons – v. 7
Os dons são dados a cada membro do corpo – “A manifestação do Espírito é concedida a cada um”. Os dons são dados visando um fim proveitoso, ou seja, a edificação da igreja.
1.2. A variedade dos dons – vs. 8-10
Paulo oferece cinco listas de dons espirituais: Rm 12.6-8; 1 Co 12.8-10; 12.28; 14; Ef 4.11-13. Não há crente sem dom nem crente com todos os dons (12.29-31). Assim como não há membro auto-suficiente no corpo nem membro sem função. Alguns estudiosos classificaram os dons registrados em 1 Coríntios 12 como dons de pregação, dons de sinais e dons de serviço.
1.3. A soberania do Espírito na distribuição dos dons – v. 11
O Espírito Santo distribui os dons a cada um, ou seja, não existe membro do corpo de Cristo sem pelo menos um dom espiritual. O Espírito Santo é livre e soberano na distribuição dos dons. No texto temos quatro verbos chaves que ilustram essa soberania: no verso 11, Deus distribui; no verso 18, Deus dispõe; no verso 24, Deus coordena, e no verso 28 Deus estabelece. Do começo ao fim Deus está no controle.
A IGREJA É UM CORPO – VS. 12-31
A igreja é comparada com uma família, um exército, um templo, uma noiva. Mas a figura predileta de Paulo para descrever a igreja é como um corpo. O apóstolo Paulo destaca três grandes verdades aqui:
2.1. A unidade do Corpo – vs. 12-13
Paulo diz que nós confessamos o mesmo Senhor (12.1-3), dependemos do mesmo Deus (12.4-6), ministramos no mesmo corpo (12.7-11) e experimentamos o mesmo batismo (12.12-13).
Dois fatores mantêm a unidade do corpo de Cristo:
2.1.1. O Sangue
Pode ser difícil estabelecer a unidade entre os meus pés, as minhas mãos e os meus rins. Mas o mesmo sangue alimenta estes membros e todos os outros. O sangue fornece vida aos membros e se impedirmos o sangue de chegar a alguns deles, esses morrerão rapidamente. No sentido espiritual, o sangue de Cristo é o elemento que unifica o Seu corpo. Ninguém faz parte da igreja sem se ter apropriado primeiro da expiação, dos benefícios da morte de Cristo e do seu sangue derramado.
2.1.2. O Espírito
Nunca descobriremos o espírito ou a alma de uma pessoa em algum de seus órgãos, membros ou glândulas. Em certo sentido, o espírito está em todos os membros do corpo. Em relação à igreja a Bíblia diz: “em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (12.13). Um membro do corpo pode ser mais cheio do que outro membro, mas nenhum membro está sem o Espírito. Ser batizado pelo Espírito significa que pertencemos ao Corpo de Cristo. Ser cheio do Espírito significa que nossos corpos pertencem a Cristo.
A unidade da igreja não é eclesiástica nem denominacional, nem organizacional, mas espiritual. Não há unidade fora da verdade. O ecumenismo é uma conspiração ao ensino bíblico. O verdadeiro corpo de Cristo nem sempre coincide com o rol de membros das igrejas.
2.2. A diversidade do Corpo – vs. 14-20
O corpo precisa ter uma grande diversidade de membros para que funcione bem (12.14). O corpo precisa das diversas funções dos membros para sobreviver (12.15-19). Ilustração: Meu olho faz um trabalho bom ao focalizar uma manga apetitosa. Mas para que a manga me alimente eu preciso de outros órgãos: Da mão para pegar a manga; da boca para morder um pedaço; dos dentes para mastigá-la; da língua para movimentá-la na boca; da garganta para engolir; do estômago para digerir; do fígado para acrescentar a bílis.
Nenhum membro do corpo pode desempenhar as funções sem os outros membros. Não há cristão isolado. Vivemos no corpo. Ilustração: Se eu cortasse minha mão e a colocasse numa cadeira no outro lado da sala, ela ainda seria minha mão, mas não teria mais utilidade porque estaria separada dos outros membros do corpo.
2.3. A mutualidade do Corpo – vs. 21-31.
Com respeito à mutualidade Paulo nos ensina algumas lições:
2.3.1. O perigo do complexo de inferioridade-vs. 15-16. Ficar ressentido por não ter este ou aquele dom espiritual é imaturidade espiritual. É culpar a Deus de falta de sabedoria. Devemos exercer nosso papel no corpo com alegria e com fidelidade. Nenhum membro da igreja deveria se comparar nem se contrastar com qualquer outro membro. Somos únicos e singulares para Deus.
2.3.2. O perigo do complexo de superioridade-vs. 21-24. Nenhum membro da igreja pode envaidecer-se pelos dons que recebeu. Não há espaço para orgulho no meio da igreja de Deus (1 Co 4.7).
2.3.3. A necessidade da mútua cooperação – v. 25. Os dons são dados não para competição nem para demonstração de uma pretensa espiritualidade. O dom tem como objetivo a mútua cooperação. Assim cada membro deve ajudar ao outro com o espírito sincero de servir.
2.3.4. A necessidade da empatia na alegria e na tristeza – v. 26. Não estamos competindo, não disputando quem é o melhor, o mais talentoso, o mais dotado, o mais espiritual. Somos uma família. Somos um corpo. Devemos celebrar as vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns dos outros. Às vezes é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com os que se alegram.
2.3.5. A necessidade de compreender que não é completa em nós mesmos e que precisamos dos outros membros do corpo – vs. 27-31. O corpo é uno, os membros são diversos, e por isso, eles precisam cooperar uns com os outros para o bem comum. Assim também é na igreja. Não somos auto-suficientes. Dependemos uns dos outros.
A igreja precisa conhecer os seus dons e usá-los corretamente. O dom é para a edificação e crescimento da igreja e não para orgulho pessoal ou divisão na igreja.
Que todos nós saibamos usar os dons que Deus nos tem concedido com amor, e desejo sincero de servir a sua obra.
“A igreja de Deus é o recinto de vida santa, plena de variados dons e dotada com o Espírito Santo. Os membros devem encontrar sua felicidade na felicidade daqueles a quem ajudam e abençoam.” Atos Apóstolos, 12

“Chegamos agora aos últimos dias da obra da mensagem do terceiro anjo, quando Satanás operará com crescente poder porque sabe que seu tempo é curto. Ao mesmo tempo, nos advirão, por meio dos dons do Espírito Santo, diversidades de operações no derramamento do Espírito. Este é o tempo da chuva serôdia.” Carta 230, 1908. ME.3, 83


José Carlos Costa, pastor

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