quinta-feira, 27 de março de 2014

O Custo do Discipulado

Texto principal
"A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que, como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da consolação" (2Co 1:7).

Ao longo da História, milhões de cristãos anónimos sacrificaram a vida por Cristo. Eles foram presos, torturados e mesmo executados. Milhões preferiram abrir mão de seus empregos, sofrer ridículo, suportar o abandono da família e perseverar sob perseguição religiosa, a abandonar Cristo. Só Deus sabe a plena extensão do sofrimento que Seus fiéis têm sofrido.

De fato, Paulo advertiu: "Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos" (2Tm 3:12). E Pedro disse: "Para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os Seus passos" (1Pe 2:21).

Apesar das promessas dos assim chamados pregadores da "prosperidade", automóveis luxuosos e ganhos financeiros não são oferecidos automaticamente aos cristãos apenas para satisfazer seus desejos e ambições pessoais. Embora Deus derrame muitas bênçãos no caminho dos fiéis, às vezes, o discipulado envolve perdas.

No fim, podemos ter certeza de que, seja qual for o custo do discipulado, considerando a recompensa eterna, esse custo é muito baixo.

Calculando o custo: a mais alta prioridade
1. Leia Lucas 12:49-53; 14:25, 26; Mateus 10:37. Qual é o preço do discipulado? O que deve estar acima dos relacionamentos humanos?

Os modernos apresentadores da televisão teriam feito um escândalo a partir dessas palavras: "Hoje, o famoso líder religioso Jesus de Nazaré defendeu o ódio familiar durante Sua palestra da tarde. Os analistas estão comparando esses pronunciamentos com as declarações feitas anteriormente, que promoviam relacionamentos afetuosos com vizinhos e inimigos. Os comentaristas querem saber se isso indica mudanças políticas recentes. Outras citações não confirmadas sugerem vender tudo e transferir os recursos para o movimento de Jesus. Fique atento para mais informações a qualquer momento."

Um estudo mais profundo da Bíblia e do modo pelo qual a palavra "ódio" é usada, ajuda a esclarecer o que Jesus quiz dizer. Deuteronômio 21:15 contém a legislação sobre homens com várias esposas. A Bíblia na versão King James, seguindo o sentido natural, traduz assim: "uma amada e outra odiada", com respeito às esposas. A mensagem de Moisés foi que, se o marido preferisse uma mulher acima de outra, ele não podia tirar o direito de primogenitura do filho da menos favorecida.

A New Revised Standard Version [Nova Versão Revisada Padrão] e a Modern Language Bible [Bíblia na Linguagem Moderna] mudaram a terminologia, traduzindo querida, como amada, e odiada, como desprezada. O Tanakh (Bíblia Judaica) e a New American Standard Bible (Nova Bíblia Americana Padrão; protestante) optaram pelas expressões amada e não amada. Evidentemente a intenção do texto era falar de "afeição relativa". O ódio, nesse contexto, pode indicar "amar menos". Mateus 10:37, a passagem paralela, certamente dá credibilidade a essa sugestão.

A lição de Jesus é simples, mas cheia de implicações profundas. Sempre que a família recebe precedência e Cristo Se torna secundário, Jesus abre mão do Seu senhorio. Servir a vários senhores é impossível. Cristo certamente apoiava as fortes ligações familiares. Tais conexões, no entanto, recebem força de um fundamento inabalável. O fundamento é amar a Deus sem reservas e acima de tudo. Deus desaprova todas as barreiras, interrupções e distrações. O discipulado cobra o preço mais alto: lealdade total a Cristo.

Na prática diária, como podemos colocar Cristo acima de tudo, incluindo a família? O que significa fazer isso, e quais poderiam ser algumas consequências?

Levando nossa cruz
E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após Mim não pode ser Meu discípulo" (Lc 14:27).

Discipulado significa aceitar Cristo como Salvador e Senhor. Seguir Jesus significa que você está pronto a passar pelo mesmo sofrimento que Cristo suportou. Assim, devemos ser honestos na maneira de apresentar nossa mensagem. Certamente as gloriosas verdades relacionadas com a justificação pela fé, o perdão de Cristo, Seu retorno iminente, as incomparáveis maravilhas do Céu e a graça imerecida de Deus devem ser ensinadas. Mas se os cristãos desejam proclamar a mensagem completa de Deus, não podem ignorar a cruz que devem carregar.

Infelizmente, alguns cristãos pensam erroneamente que pregar qualquer mensagem pela qual os seres humanos são chamados à ação é algo legalista. "A graça divina fez tudo", eles orgulhosamente exclamam, "e o ser humano não deve fazer nada exceto recebê-la." Jesus, porém, discorda deles.

2. Leia Mateus 16:21-25; Lucas 21:12-19; João 15:17-20; 16:1, 2. O que devemos aprender com esses textos sobre o custo de seguir Jesus?

Antes do batismo, os candidatos devem entender que Cristo lhes atribuiu uma cruz, sem a qual eles não podem de modo nenhum se tornar Seus discípulos. Será que isso diminui a alegria da conversão? Essa alegria poderia ser aumentada por meio de falsas promessas sobre uma vida livre de preocupações? A conversão liberta os cristãos dos fardos do pecado, não das responsabilidades do discipulado. Ao tomar o nome de Cristo e revelar publicamente essa escolha por meio do batismo, cada crente deve estar ciente de que o discipulado tem um custo. Por outro lado, este mundo oferece alguma coisa que faz com que a oferta de Cristo não valha a pena? Certamente não.

Quando foi a última vez que você tomou a sua cruz? Como foi a experiência? O que você aprendeu com ela? Como isso pode ajudar alguém que luta contra um desafio semelhante?

Resposta disciplinada
3. Analise as seguintes passagens: Lucas 14:31-33; 1 Coríntios 9:24-27; Hebreus 12:1-4; 2 Pedro 1:5-11. Como é a vida de um discípulo? Você tem experimentado essa realidade?

O custo do discipulado envolve disciplina. Cada impulso, imaginação, ambição e desejo devem ser submetidos a Cristo. Cada posse, material ou espiritual, cada talento, habilidade, tudo o que seja de valor deve estar sob o comando de Cristo. O que não entregarmos a Ele inevitavelmente se tornará um ídolo, com potencial para nos desviar do caminho.

Cristo de fato nos oferece poder para vencer nossos defeitos de caráter. Cada apetite, emoção e inclinação intelectual podem estar sob a orientação de Seu Espírito.

Observe os exemplos atléticos que Paulo usou em 1 Coríntios 9:24-27 e Hebreus 12:1-4. Nenhum atleta treina para correr de modo mais lento, saltar mais baixo ou fazer um lançamento mais curto. Igualmente, nenhum cristão deve olhar para trás, especialmente quando o que está em jogo, na "corrida", é algo eterno, ao contrário de qualquer prêmio que um corredor terreno possa ganhar como resultado de todo o seu esforço diligente e treinamento.

"Os corredores punham de lado toda a condescendência que tendesse a enfraquecer as faculdades físicas, e mediante severa e contínua disciplina, treinavam os músculos para se tornarem fortes e resistentes, para que, ao chegar o dia da competição, pudessem exigir de suas forças o máximo empenho. Quão mais importante é que o cristão, cujos eternos interesses estão em jogo, coloque os apetites e as paixões em sujeição à razão e à vontade de Deus! Jamais deve ele permitir que sua atenção seja desviada por entretenimentos, luxos ou comodidades. Todos os seus hábitos e paixões devem ser postos sob a mais estrita disciplina. A razão, iluminada pelos ensinos da Palavra de Deus e guiada por Seu Espírito, tem de tomar as rédeas do controle" (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 311).

Comparando os custos
As empresas exploram a viabilidade dos projetos propostos mediante a análise do custo-benefício: As propostas específicas contêm os ingredientes necessários para proporcionar retornos bem-sucedidos aos investimentos? Os benefícios superam as despesas? Outra medida utilizada com frequência é a durabilidade: A proposta oferece retornos sustentáveis?

As recompensas do discipulado podem também ser medidas por meio da comparação com os custos. Esses custos podem incluir sofrimento emocional, rejeição social, tortura física, privação financeira, prisão e até mesmo a morte. Todo aquele que aceita o discipulado deve primeiro considerar cuidadosamente os investimentos envolvidos.

4. O que os textos a seguir nos dizem sobre os custos do discipulado? Mt 18:8, 9; Lc 6:35; Fp 2:3

5. O que os textos a seguir falam sobre os benefícios do discipulado? Lc 18:28-30; Jo 14:1-3; Ap 22:1-5

Não há dúvida de que o custo de seguir a Jesus pode ser alto, talvez a coisa mais cara que qualquer pessoa possa fazer. Caso nossa lealdade a Cristo não tenha custado muito, ou talvez tudo o que temos, deveríamos questionar a genuinidade de nossa fé e comprometimento com Deus.

Mas uma coisa é certa: o que quer que ganharmos neste mundo, tudo o que rea­lizarmos, tudo o que fizermos para nós mesmos, será apenas temporário. Essas coisas não durarão, mas desaparecerão para sempre.

Em contraste com isso, aquilo que ganharmos por meio de Jesus, a vida eterna em um novo Céu e em uma nova Terra, vale muito mais do que tudo o que este mundo jamais poderia oferecer.

O que as alegrias e as boas coisas deste mundo significam em comparação com a eternidade ao lado de Cristo? Como podemos manter sempre esse contraste diante de nós? Por que é importante fazer isso?

"Uma melhor ressurreição"
6. Leia Hebreus 11:32–12:4. O que esses versos dizem para você sobre o custo e a recompensa do discipulado?

Um poderoso conceito é aqui revelado, especialmente no verso que diz: "Mulheres receberam, pela ressurreição, os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição" (Hb 11:35, RC).

Em certo sentido, ser discípulo e formador de discípulos pode ser resumido a uma coisa só: "uma melhor ressurreição". Seguimos a Cristo porque temos a promessa, a esperança de redenção, de uma nova vida num mundo novo, sem pecado, sofrimento e morte. Ao mesmo tempo, uma vez que recebemos essa esperança e essa promessa – garantidas pela vida, morte, ressurreição e sumo sacerdócio de Cristo – procuramos levá-las a outros. No fim, antes da conclusão do grande conflito, a menos que estejamos vivos na segunda vinda de Cristo, passaremos pela primeira ressurreição com os justos ou sofreremos a segunda ressurreição com os ímpios. Sabemos qual é a melhor.
Além da esperança de participar daquela ressurreição, devemos fazer o que pudermos para levar outros a participar dela também. Existe coisa mais importante do que isso em nossa vida?

A seara amadureceu. Milhões aguardam o chamado para o discipulado. Temos sido abençoados não apenas com o evangelho, mas com o evangelho no contexto da "verdade presente" – as mensagens dos três anjos de Apocalipse 14, a última mensagem de advertência de Deus para o mundo.

O que faremos com essas verdades que amamos tanto? Perguntamos: Onde estão os ceifeiros? Onde estão as pessoas dispostas a caminhar ao lado de Cristo e partilhar os riscos? Você aceitará o convite de Deus, não apenas para ser discípulo, mas para fazer discípulos, independentemente do custo que isso represente?

Pense nestas implicações: A primeira ressurreição e a segunda ressurreição. À luz dessas opções, qual é a importância de estar na "melhor" delas e de ajudar outros a também participar dela?

Estudo adicional
Leia de Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 219, 220: "Nas Regiões Distantes"; p. 241, 242: "Bereia e Atenas".

"De Deus desce fogo do céu. A terra se fende. São retiradas as armas escondidas em suas profundezas. Chamas devoradoras irrompem de cada abismo que se abre. As próprias rochas estão ardendo. Vindo é o dia que arderá 'como forno' (Ml 4:1). Os elementos fundem-se pelo calor ardente, e também a Terra e as obras que nela há são queimadas (2Pe 3:10). A superfície da Terra parece uma massa fundida – um vasto e fervente lago de fogo. É o tempo do juízo e perdição dos homens maus […] (Is 34:8).

"Os ímpios recebem sua recompensa na Terra (Pv 11:31). 'Serão como a palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos (Ml 4:1)'" (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 672, 673).


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